Arte-educação ou ensino de Arte é a educação que oportuniza ao indivíduo o acesso à Arte como linguagem expressiva e forma deconhecimento.
Desenho de criança.
A educação em arte, assim como a educação geral e plena do indivíduo, acontece na sociedade de duas formas:
A arte-educação tem um objetivo maior que a formação de profissionais dedicados a esta área de conhecimento, no âmbito da escola regular busca oferecer aosindivíduos condições para que compreenda o que ocorre no plano da expressão e no plano do significado ao interagir com as Artes, permitindo sua inserção social de maneira mais ampla.[1]
No Brasil, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB nº 9.394/96) estabeleceu em seu artigo 26, parágrafo 2º que:
De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais, A educação em arte propicia o desenvolvimento do pensamento artístico e da percepção estética, que caracterizam um modo próprio de ordenar e dar sentido à experiência humana:o aluno desenvolve sua sensibilidade, percepção e imaginação, tanto ao realizar formas artísticas quanto na ação de apreciar e conhecer as formas produzidas por ele e pelos colegas,pela natureza e nas diferentes culturas.(PCN- Arte-1997)
1. A importância da Arte na escola
Para se entender o ensino de Arte na escola, é necessário refletir sobre a tarefa da arte
na sociedade contemporânea. Em que sociedade vivemos? Que conceitos de arte
sobrevivem? Quais são as definições atuais de arte? Quando falamos de arte e sociedade,
sobre qual concepção de arte e de sociedade falamos? Existe uma arte específica para uma
determinada cultura? Ou para uma determinada classe social? A tradicional divisão entre
arte popular e arte erudita ainda corresponderia à realidade? O que seria arte erudita? Ou o
que seria uma arte popular? A arte popular não é para ser levada a sério? Serviria apenas
para distrair o leitor/consumidor/ouvinte? Onde se estabelece o limite entre arte e não arte?
A arte pode favorecer a formação da identidade e de uma nova cidadania de
crianças e jovens que se educam nas escolas, contribuindo para a aquisição de
competências culturais e sociais no mundo no qual estão inseridos. O objetivo a que se
propõe o ensino de Arte, em toda a sua especificidade prevista na forma de lei, é essencial
para a construção da cidadania. O ensino de Arte trata de relacionar sentimentos, trabalhar
aspectos psicomotores e cognitivos, planejar e implementar projetos criativos e se engajar
emocionalmente neles, num permanente processo reflexivo. Talvez mais que em outras
disciplinas, no ensino de Arte, os alunos são obrigados a entrar em contato consigo
mesmos, quando, por exemplo, criam uma coreografia, realizam um jogo teatral, interpretam
uma música ou apreciam um quadro. Isso não é nada menos do que formar a sua própria
imagem de mundo, compreender a realidade.
Revelar o potencial criativo para o desenvolvimento como ser humano, ampliar a
capacidade de julgar e agir, ter responsabilidade, tolerância, consciência dos valores são
alguns dos outros objetivos dessa disciplina. Diante da complexidade presente nas escolas,
como problemas de violência, dificuldades de concentração e interesse dos alunos pelas
aulas, as tarefas dos professores de Arte parecem crescer nesse espaço. Efetivamente, a
arte pode ajudar nas diversas formas de trabalhos coletivos por meio dos quais os alunos,
em grupos ou em equipes, podem definir eles mesmos objetivos e, depois, chegar a
resultados que foram trabalhados em conjunto. As competências de trabalhar em equipe,
assumindo partes de tarefas independentes como a experiência de grupos vocais e
instrumentais ou grupos teatrais e de dança, são competências que estão relacionadas com
a metodologia de trabalho na área de Arte. Mas a arte permite também um trabalho
individual que discute a tolerância, o exercício para com o outro. Esse trabalho pode
promover a autoconfiança e a coragem de se mostrar. Geralmente, essas competências são
ignoradas na escola, aparecendo em momentos pontuais e como decoração do ambiente.
O campo das arte é visto como um campo teórico-prático. Ao invés de consumir
grandes quantidades de conhecimento escolar, que será esquecido logo após as provas, o
ensino de Arte reivindica para si, através de um trabalho prático, orientado para a ação,
ancorar o conhecimento sensorial que envolve todos os sentidos: visão, tato, olfato, audição,
gustação. Onde o ensino tradicional promove o pensamento linear, causal, a arte oferece o
pensamento em rede, discursivo e trabalha com a inteligência emocional. A tentativa é a de
superar um discurso modernista em que razão/sentimento, corpo/alma são tratados de uma
forma dicotômica.
Em resumo, o campo das artes oferece aos alunos oportunidades de realmente
aprenderem para a vida. Isso ocorre porque o ensino de Arte oferece um espaço de
experiência. Quem é artisticamente criativo pratica o exercício da livre escolha. Aqueles que
constroem modelos aprendem a redesenhar o futuro, procuram novas soluções, exercitam
suas faculdades críticas na leitura de mundo.
Vale ressaltar que essas competências deveriam estar no foco de toda a escola e
não apenas no ensino de Arte e seus métodos, pois, caso contrário, o ensino de Arte pode
se tornar uma ilha criativa no conjunto de disciplinas escolares, deixando pouco espaço para
uma aprendizagem orientada para a ação e para a compreensão por meio dos sentidos,
uma aprendizagem vivencial. Aprender, nesse caso, significa sempre vincular questões de
interesse da área com o interesse dos alunos.
3. Questões básicas para o ensino de Arte
Qual tem sido a realidade das escolas no ensino de Arte? Com a aprovação da Lei
9394/96, várias práticas de ensino de Arte foram adotadas. Levando em conta os poucos
profissionais com habilitação na área, a pouca formação específica dos professores
regentes de classe, o pouco interesse e conhecimento das escolas, bem como os escassos
recursos para a área, muitos professores ainda têm dificuldades em operacionalizar os
objetivos propostos nos documentos curriculares sugeridos pelo MEC.
Considerando que o tempo escolar e o tempo de aula são limitados e que existem
saberes mais ou menos importantes, a tarefa da didática e da organização de diretrizes
curriculares é responder ao que deve e pode ser ensinado, isto é, que situações e
problemas crianças e adolescentes vão confrontar. Os conteúdos de Arte nos Parâmetros
Curriculares do Ensino Fundamental são propostos com base em três eixos norteadores:
apreciação, produção e reflexão. Os eixos são diferenciados, apoiados nos objetivos de
compreender como a arte é constituída, criar e inventar novas realidades e pensar a
produção artística presente na realidade.
Em relação ao primeiro objetivo, trata-se de compreender qual realidade construímos
com o mundo estético, quais influências tem a arte na nossa visão pessoal e social de
mundo, como fazemos nossas experiências nas artes e quais conhecimentos adquirimos.
Para tal, o eixo inclui as questões da percepção, da cultura, da semiótica, das condições
formais e estruturais dos diferentes meios de comunicação, da interpretação de imagens e
obras de arte, das análises críticas de textos teatrais.
Em relação ao objetivo de criar e inventar, trata-se de oferecer métodos, técnicas e
estratégias para a formação e a criação de ambientes estéticos, de experiências
perceptivas, ou seja, imagens, objetos, músicas, peças e jogos teatrais que podem ser
produzidos. Visam ao desenvolvimento da criatividade. O objetivo de ensar as produções
artísticas existentes diz respeito à compreensão de como determinados meios foram
utilizados e que formas de arte estão disponíveis no acervo cultural da humanidade, queinfluenciaram e influenciam o mundo.Essa organização mostra que as aulas de Arte não se resumem a pintar um quadro
ou cantar uma “musiquinha”. Projetos envolvendo arte e mídias, história da arte, elaboraçãode roteiros para filmes e outros campos interdisciplinares são considerados. De uma forma
sucinta, os documentos apresentam alguns exemplos de conteúdos que podem sertrabalhados indicando como as intersecções entre eles podem ser feitas. A variedade de possibilidades de conteúdos que o ensino de Arte oferece reflete-se
também nos métodos que podem ser aplicados. Entre eles Arte-educação; Ensinando
através da arte.
3 O PAPEL DO PROFESSOR MEDIADOR NO ENSINO DAS ARTES
Sabe-se que o universo infantil do ensino fundamental I, precisa ser estimulado e expandido, entretanto, o profissional da educação, em especial o professor desta faixa etária, torna-se de fundamental importância neste momento, uma vez que, o ensino das artes contribui de maneira significativa no processo de aprendizagem da criança.
Nesse sentido a falta de aperfeiçoamento muitas vezes é o principal fator de interferência no não desenvolvimento psicomotor, intelectual e social da criança. A necessidade da formação continuada se torna necessário na busca do professor por ampliar seus conhecimentos interdisciplinares. Fusari afirma que,
“O professor de arte constrói e transforma seu trabalho na suas praxes cotidianas, na síntese entre a ação e a reflexão. E é neste sentido que precisa saber arte e saber ser professor de arte; saber os conteúdos e os procedimentos para que o aluno deles se aproprie” (FERRAZ e FUSARI, 1992, p. 41).
Com isso a segurança em relação ao conteúdo aplicado é a razão para despertar interesse e discussões produtivas por parte dos alunos. O domínio pelos assuntos abordados em sala de aula, desperta a curiosidade da criança principalmente quando se trata dos conteúdos artísticos.
Para obterem-se resultados satisfatórios mediante ao ensino das Artes, deve-se também valorizar o que ela já trás consigo relacionado com o seu cotidiano. Pois, produzir algo elaborado por si próprio proporciona a forma mais significativa para construção do conhecimento da criança.
No entanto, o professor ao sugerir ou expor em sala de aula qualquer objeto, imagem, ação ou assunto, precisa explorar a interpretação pessoal de cada criança, uma vez que, a relação dos objetos observados por ela depende do seu ponto de vista, facilitando cada vez mais o entendimento aos assuntos abordados pelo professor, ou seja, a importância que se dá nas aulas produtivas através das Artes é fundamental para a interpretação da criança. Ferreira explica que:
[...] o professor necessita encorajar a iniciativa, a criação de trabalhos por meio de seu próprio esforço, levar a criança a descobertas por si mesma, a inventar e criar suas idéias, não dar respostas prontas para todas as indagações, não permitindo assim, que a criança dependa do pensamento alheio. Procure ajudá-la a esclarecer o que pensa levando-a a falar espontaneamente sobre a sua obra. Não acrescente ou mude nada no que ela construiu artisticamente, uma vez que a criança deve ser a única autora do seu trabalho. (FERREIRA, 2005, p. 22)
Dessa forma, podemos refletir que o professor é a “peça chave” para fazer acontecer às mudanças necessárias para com seus alunos, passando a alimentar os procedimentos de artes, colaborando nos trabalhos a serem realizados pelos mesmos, preservando e orientando-os conforme o poder criativo de cada um, gerando com isso o fortalecimento de novas perspectivas para construção do conhecimento do aluno, uma vez que, o fazer artísticos faz parte desse processo, a criança se torna mais exigente, e até mesmo um ser crítico ao desenvolver seus próprios trabalhos.
Sendo assim, podemos dizer que, o momento em que a criança esta produzindo seu trabalho de artes nada impede que seus pais a ajudem a desenvolver seus trabalhos, seja na criação de artes visuais, dança, música ou outros.
Conforme Buoro menciona,
[...] os pais colocam o trabalho de Artes [...] em segundo plano, os pais sentem-se ansiosos com a alfabetização dos filhos e não sabem muito bem a finalidade das aulas de Artes. Por esse motivo, o aluno em processo de alfabetização mostra menor interesse e capacidade de expressão espontânea por meio da Arte. (BUORO, 2003, p. 36)
Com relação ao que diz a citação supracitada, faz-se necessário que os pais colaborem de maneira participativa no processo de ensino-aprendizagem de seus filhos no que diz respeito às artes de forma ampla, pois este processo é importante para contribuir na construção do conhecimento dos mesmos e embora muitas vezes alguns pais não estejam interessados a auxiliar na formação de seus filhos, podemos situar que em algum momento todos estarão dispostos a perceber a importância de se trabalhar artes nas salas de aula e na escola como um todo, ou seja, a participação dos pais é extremante acolhedor e sadia para a criança, isto felizmente pudemos observar na escola a qual tivemos o privilégio de estagiar, a participação mediana dos pais em eventos promovidos pela mesma, tais como datas comemorativas, horas cívicas e outros.
No campo de estágio o que muito nos impressionou foi à participação efetiva dos pais, o empenho com que se disponibilizavam para contribuir nas atividades proposta pela escola, algo que não é comum em se ver; ressaltando que é um resultado de uma gestão democrática onde o corpo docente da escola relaciona-se com a comunidade de forma harmoniosa, visando sempre proporcionar uma educação de qualidade. Segundo Duarte:
[...] em primeiro lugar, a atividade artística da criança apresenta o sentido de organização de suas experiências. Desenhando, pintando, esculpindo jogando papéis gramáticos, etc., a criança seleciona os aspectos de suas experiências que ela vê como importantes, articulando-os e integrando-os num todo significativo. “Para ela, a arte é mais do que um passatempo; é uma comunicação significativa consigo mesma, é a seleção daqueles aspectos do seu meio com que ela se identifica, e a organização desses aspectos em um novo e significativo todo. A arte é importante para criança. É importante para seus processos de pensamentos, para seu desenvolvimento percentual e emocional, para sua crescente conscientização social e para seu desenvolvimento criador”. (DUARTE, 1988, p. 112)
Dessa forma o podemos refletir que o ato desafiador de aprofundar o conhecimento da criança tende a se expandir cada vez mais, se em todos os momentos ela for apoiada por todos os atores sociais da escola que permeiam este espaço de construção de conhecimento, bem como pela família, esse acompanhamento possibilita a criança a desenvolver-se de forma integral. Acima de tudo o que é mais importante é que ela se torne capaz de aprender novas atividades criativas, que possam despertar o interesse pela arte, possibilitando assim na mesma o espírito criador. Uma criança que é estimulada a trabalhar com a arte na escola e na família, se torna uma criança feliz, refletindo as formas da natureza e sua desenvoltura sobre os trabalhos artísticos, sua sensibilidade e seu ponto de vista busca interagir significativamente para a sua aprendizagem.
Precisamos levá-la de forma circunscrita aos alunos do Ensino Fundamental I, não adianta, por exemplo, querermos combater o preconceito somente quando o aluno estiver no ensino médio, não vai adiantar muita coisa, essas atitudes que desviam caráter se combatem durante a formação da criança, logo, quanto mais cedo se começar melhor, e a arte na escola é um veículo de informação interessante para o aluno, através de brincadeiras, artes plásticas, danças e teatro eles poderão se tornar pessoas melhores. Sendo assim, entende-se que se trabalharmos arte na sala de aula de forma prazerosa e inovadora, iremos contribuir ativamente e grandiosamente na aprendizagem da criança.
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